Bragança > 2 de Setembro de 2016
Professor de letras, poeta, e anarquista, Clei de Souza é uma referência da poesia de resistência.
Arte-educador, ensina as pessoas a fazer o que ele sabe e muito bem fazer, a escrever quanto a editar seus próprios livros de poemas.
Através deste processo original e artesanal de poesis, já produziu cerca de pelo menos, 20 densas obras literárias.
Seu texto é de natureza urbana, crítico, e até irônico.
Clei também já conquistou alguns prêmios literários, entre os quais, o nacional Dalcídio Jurandir, de Literatura, na categoria poesia, em 2015.
Professor de Letras, trabalha com diferentes linguagens, em diferentes diálogos.
Dessa forma, supera o que é instituído como limite da arte.
O poeta lidera três projetos musicais.
Coisa de Ninguém, Folha de Concreto e Khoan.
São trabalhos onde ele declama seus próprios textos, além de cantar composições autorais.
As bandas por ele paridas são o que ele chama de liquidificadores da canção amazônica e contemporânea.
Em 15 anos, o COISA NINGUÉM tem gravados um CD e um EP.
O FOLHA DE CONCRETO resulta de um prêmio PROEX-2011.
Já o KHOAN, de acordo com o poeta, é mais lírico.
E são estes projetos de poético-musicais que ele vai apresentar no encerramento do III FICCA.
Merengue, hip-hop, rock, psicodélico, brega, carimbo, e samba.
Tudo isso junto e misturado com muito som experimental, e poesia.
O II FICCA acontece em Dezembro de 2016 (dias 8, 9 e 10 de Dezembro).
Confira entrevista completa com o poeta abaixo.
Fonte © #TRIBUNADOSALGADO
Professor de letras, poeta, e anarquista, Clei de Souza é uma referência da poesia de resistência.
Arte-educador, ensina as pessoas a fazer o que ele sabe e muito bem fazer, a escrever quanto a editar seus próprios livros de poemas.
Através deste processo original e artesanal de poesis, já produziu cerca de pelo menos, 20 densas obras literárias.
Seu texto é de natureza urbana, crítico, e até irônico.
Clei também já conquistou alguns prêmios literários, entre os quais, o nacional Dalcídio Jurandir, de Literatura, na categoria poesia, em 2015.
Professor de Letras, trabalha com diferentes linguagens, em diferentes diálogos.
Dessa forma, supera o que é instituído como limite da arte.
O poeta lidera três projetos musicais.
Coisa de Ninguém, Folha de Concreto e Khoan.
São trabalhos onde ele declama seus próprios textos, além de cantar composições autorais.
As bandas por ele paridas são o que ele chama de liquidificadores da canção amazônica e contemporânea.
Em 15 anos, o COISA NINGUÉM tem gravados um CD e um EP.
O FOLHA DE CONCRETO resulta de um prêmio PROEX-2011.
Já o KHOAN, de acordo com o poeta, é mais lírico.
E são estes projetos de poético-musicais que ele vai apresentar no encerramento do III FICCA.
Merengue, hip-hop, rock, psicodélico, brega, carimbo, e samba.
Tudo isso junto e misturado com muito som experimental, e poesia.
O II FICCA acontece em Dezembro de 2016 (dias 8, 9 e 10 de Dezembro).
Confira entrevista completa com o poeta abaixo.
Fonte © #TRIBUNADOSALGADO
ENTREVISTA
COM O POETA CLEI DE SOUZA
POR FRANCISCO WEYL
Clei, quem é você, como você se define, quais
são seus maiores erros e acertos?
Nasci
na Rua do coco em Capanema, em um bar mal falado que foi excomungado pelo frei
da cidade (sinal de que o lugar era bom). Onde me criei poeticamente foi no
país chamado Marambaia, junto com outr@s louc@s de cara. Não sai cantar, mas
tenho três bandas, não sai escrever, mas tenho de livros de poesia, não sai
ensinar, mas sou professor na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará,
não sei arremessar, mas tenho uma bola de basquete. Meu acerto foi ter
insistido na arte, meus maiores erros foram poemas que eu publiquei cedo demais
sem maturá-los, mas isso eu corrigi depois.
O que é a poesia para você?
O poesia
é o que nos leva além do limite da linguagem e du mundo conhecido, aventura de
expansão do humano. E no fim o que eu disser ser a poesia já não ser, pois ela
sempre vai estar nos ultrapassando.
E a irmã dela, ou a mãe, sei lá, a música, o
que significa para você fazer poesia e música junto?
As duas
nos levam pra além desse mundo ocidental que transforma tudo em objeto de um
subjetivismo tacanho. São o grito fascinante e ameaçador de Dionísio
Qual a relação da arte com a realidade?
Cara, a
realidade é algo que um dia a arte sonhou. Não acredito em mimesis como
imitação ou representação, acredito na arte como desregramento dos limites da
ordem. O eterno estrangeiro que deixa as autoridades alertas.
Você se considera um artista?
A
palavra artista pra mim traz uma vaidade, um holofote que não bate com o que eu
acredito sobre a arte. Tua obra não só tua nem és só tu o senhor da criação.
Algo converge em ti, a partir de diálogos imprevisíveis e claro através do teu
esforço.
Que tipo de arte você faz?
Trabalho
com diferentes linguagens, em diferentes diálogos. Assim eu tento quebrar tanto
a barreira do que foi instituído como realidade como aquilo que instituído como
limite das linguagens artísticas.
Sobre arte e política, são irmãs ou filhas
bastardas de pais separados?
No
ocidente é a segunda opção que predomina. Em outras civilizações, elas são
ainda irmãs. Mas o legal é que hoje diferentes grupos começaram a politizar na
dimensão do cotidiano, da vida e ao mesmo começou a estetizar a estetizar a
política.
Sobre financiamentos culturais, leis de
incentivo, editais, política públicas setoriais, como é que os teus projetos
literários e musicais estão inseridos nestes processos ou excluídos destes?
Tive de
aprender a participar de editais que bancas criações pra poder ter grana pra
bancar meus trabalhos. Mas ainda é muito pouco pra demanda que há num estado de
dimensões continentais. Não há formação pros produtores culturais. E ainda se
centraliza muito tudo em Belém, onde há mais acesso às informações. Quanto aos
editais de patrocínio, são de um modelo importado da Europa. Prostituem a obra
e o criador e ainda cobram o seu por fora. Não participo. Quanto a iniciativas
artísticas municipais em Belém, não existem, e as estaduais começam nos bairros
da Cidade Velha e Campina e acabam no bairro da Nazaré.
O que você pensa sobre a política cultural
brasileira?
Ainda
está a passos miúdos. O governo tem muitas culpas, mas nós precisamos também
nos organizar. Não pode a arte ser sempre atrelada ao estado. Isso adestra.
Mesmo quando não participava de editais eu continuava fazendo e mesmo agora
continuo fazendo por fora dos editais.
É fora Temer e fica Dilma ou fora todos? Por
que brother?
Fora
todos. São diferentes grupos burgueses querendo ter a hegemonia pra explorar o
povo. O PT vendeu a alma pro diabo e agora o diabo tá cobrando a conta. Só o
povo na luta vai mudar algo de fato.
E a nação Marambaia, o que são as tribos
deste espaço de onde tu também emerges?
Cara, a
Marabaia, pra mim, é o meu milagre. Me salvou e me ensinou. E é um milagre que
já dura 30 anos, passando de geração em geração. Nesse sentido, não tem como
ser bairrista.
Sei que você está a pesquisar uma certa arte
da Marambaia, bairro de onde também veio, junto com diversos artistas
populares, poetas, músicos, como está e como é a sua pesquisa, de que fala ela,
o que trata, assim rapidamente, em síntese, claro, já que è um tese...
Cara, passei em todas fazes na educação, mas não
aceitaram minha proposta. Talvez a ideia de uma educação que seja na sala de
aula ainda seja bem aceita pelos pedagogos ou seja algo perigoso. Acabei
entrando em letras e pesquisando a importância dos negros das periferias para o
modernismo paraense. Mas desse projeto não aprovado ao menos fiz um artigo que
vai ser publicado no fim do ano numa revista. O texto faz uma reflexão sobre as
estratégias de grupos de arte-educação não formal na Marambaia, enquanto linhas
de fuga ante o problema do poder disciplinar, presente nas escolas. O objetivo era
refletir como esses diferentes processos influenciam de forma diferenciada na
formação da cidadania e da identidade. Eu destaco nessa arte-educação não
formal
periférica as identidades (no plural mesmo), porque os envolvidos tenham em
comum a arte e a cultura, possuíam e possuem laços de identificação com
diferentes construções identitárias: homoafetiva, afrodescendente, feminista,
dentre outras, criando assim um território atravessado por múltiplas vozes. Falo
que tudo se dá a partir da educação menor, menor porque surgida no seio de
grupos e indivíduos subalternizados, não hegemônicos, cujas opressões trazem
consigo também a possibilidade do devir que sempre questiona os mecanismos de
controle da realidade, gerando um território afetivo e identificatório rizomático
entre seus envolvidos.
Quantos livros você editou?
Artesanalmente
eu não tenho certeza. Uns vinte ou vinte e cinco. Agora por editora vai sair o
meu segundo agora, fruto de premiação.
Quais prêmios?
Em 2009, o prêmio
Literatura da Escola de Governo do Pará na categoria de poesia visual. No ano
de 2010, menção honrosa no prêmio Dalcídio Jurandir de Literatura e o prêmio
Inglês de Souza de Literatura, da UFPA, na categoria poesia. Em 2012, o prêmio
Inglês de Souza de Literatura, da UFPA, na categoria poesia. Ainda em 2012, o
concurso de Literatura de Castanhal. Bolsa de criação em 2011 pra gravar o
álbum Folha de Concreto, Em 2013, menção honrosa no prêmio de poesia Belém do
Grão Pará, Em 2015, prêmio nacional Dalcídio Jurandir de Literatura na
categoria poesia.
O que vai rolar no encerramento do FICCA?
Cara,
vai rolar muito som experimental misturado e com muita poesia. Merengue,
hip-hop, rock, psicodélico, brega, carimbó e samba com as minhas bandas Coisa
de Ninguém, Folha de Concreto e Khoan,
Conta rapidinho a cena desses projetos?
. As
bandas de que eu faço parto são liquidificadores da canção amazônica e
contemporânea. O coisa de Ninguém tem 15 anos de estrada, tem um CD e um EP
gravados, nesse trampo eu declamo poemas e sou o letrista . O folha foi
resultado de um prêmio em 2011 na PROEX da UFPA, nele eu sou vocalista. Ele é
mais experimental. O Khoan é mais lírico.
Há alguma coisa que eu não coloquei e que
você gostaria de esclarecer e acrescentar?
Não tá tudo aí. Vai ser um prazer voltar a Bragança
nessa cena tão maravilhosa. Parabéns pelo evento.
Fonte © #TRIBUNADOSALGADO

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