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A entrevista do Lula, a foto da Regina Duarte, e a dicotomia que atrasa o pensamento político brasileiro


Não ser de direita não quer dizer que se seja de esquerda. Ou de centro. Mas o fato é que as dicotomias acompanham o ser humano ao longo da História, e algumas se tornaram capitais para as artes, às ciências e às religiões, com base no conceito lógico segundo o qual ela é uma classificação dividida em duas partes, e que a repartição de um elemento em duas partes remete para a unicidade que as originou, entretanto, há raciocínios desfocados do real que simplificam complexidades e distorcem princípios dialéticos da existência do Ser social, limitando-o a ideias de que uma coisa é  simplesmente uma coisa e/ou que outra coisa nada é além de outra coisa, quando ambas também podem ser uma coisa só, ainda que se apresentem de formas e modalidades diferentes, como é o caso da política na versão partidária brasileira, cujas experiências de governos revelaram o quão similares foram os gestores em corrupção, embora quase opostos na concepção do Estado, se mais aberto ou mais fechado, mas sempre ao serviço do mercado, pelo que eu penso que há vida inteligente além da dicotomia entre Lula e Bolsonaro, pois que ela limita a compreensão de análise da conjuntura brasileira, quando produzida por pessoas que não se encontram sob estas diretrizes políticas e partidárias, razão pela qual resolvi fazer esta colagem que também pode ser um “meme” que eu o batizo de DICOTOMIA (διχοτομία), utilizando-me de duas imagens fora de contexto, manipuladas, e fartamente replicadas por grupos de comunicação, médias, militantes e simpatizantes das duas forças que se antagonizam enquanto situação e oposição no Brasil, canalizadas sob as lideranças de Bolsonaro e Lula, que, não sendo farinhas do mesmo saco, estão dentro do mesmo saco que é a política, nestes tempos dependentes de redes sociais e da circulação de versões de fatos conforme interesses ideológicos à direita e à esquerda, entretanto, como em política, tudo é mutável, e nada intocável, e, para a História, tudo há de ser revelado, o nazismo é uma doença que não foi extirpada da sociedade global, ao contrário, ele contamina pessoas que participam de partidos, movimentos e coletivos, da burguesia ou do proletariado, através de alguns de seus clássicos sintomas, como por exemplo, autoritarismo, personalismo, preconceito, xenofobia, racismo, homofobia, transfobia, sexismo, machismo, ou, então, seguindo máximas conservadoras religiosas, segundo a qual, quem não está comigo está contra mim, mas eu, que nem comigo estou, eu, que sempre me coloco em causa, e minhas certezas em suspensão, não sou a favor nem contra, muito pelo contrário, sou libertário, e sigo uma estrada que vai dar no coração de minha contraditória radicalidade.

Francisco Weyl

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