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#GOLPE > Ditadura torturou e matou bragantino

Joaquim Alencar de Seixas nasceu no dia 2 de janeiro de 1922. No dia 17 de abril de 1971 ele foi torturado até a morte nos porões da Ditadura Militar. Militou e dirigiu o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT). Desde os 19 anos de idade. Operário de profissão, era conhecido como “Roque” na clandestinidade.
Preso junto com o filho Ivan, então com 16 anos de idade.
Levados para a 37ª Delegacia de Polícia de São Paulo, na Rua Vergueiro.
Depois, foram conduzidos ao DOI-Codi, Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna.
O DOI-Codi ficava onde hoje funciona o 36º Batalhão Policial de São Paulo, na Rua Tutóia, próximo ao Aeroporto de Congonhas.
Àquela altura, o DOI-Codi era o mais forte braço da Operação Bandeirante (Oban-Brasil).
Criada pelo Exército, em 1969, a Operação centralizava e cruzava dados das investigações realizadas pelas instituições militares.
O alvo eram partidos e organizações de esquerda que defendiam a luta armada para desestabilizar o autoritário regime militar.
Antes mesmo de serem interrogados e torturados, Joaquim e Ivan, os dois, pai e filho, foram espancados nos estacionamentos das duas delegacias.
Eles levaram tantos murros e pontapés que partiram as algemas que os prendiam um ao outro. 
Oriundos da Escola Superior de Guerra (ESG) e inspirados no temido National War College, os agentes do DOI-Codi praticavam escuta telefônica, sequestros, invasões, espancamentos, torturas e assassinatos.
A casa do nosso conterrâneo foi invadida e saqueada pela repressão.
Sua família foi presa.
E ainda foi obrigada a presenciar as sessões de tortura comandadas pelos  agentes repressivos envolvidos neste assassinato.


Entre os torturadores, estavam Carlos Alberto Brilhante Ustra Tibiriçá, Dalmo Lúcio Muniz Cirillo , Davi Araújo dos Santos , Pedro Mira Granzieri (policiais), Paulo Augusto Queiroz Rocha e Pérsio José R. Carneiro (médicos legistas).
A polícia informou que o falecimento ocorreu devido a ferimentos recebidos durante tiroteio com órgãos de segurança.
E apresentou o laudo do Exame de Cadáver, assinado pelos legistas Paulo Augusto Queiroz Rocha, e Pérsio José R. Carneiro.
Acuada ou cooptada, a imprensa repercutia a mentira.
No dia 18 de abril de 1971, o jornal paulista “Diário Popular” publicou o seguinte:
“Morto ontem chefe dos assassinos de Boilesen:  baleado e morto chefe dos assassinos do industrial. Foi morto Dimas Casemiro, acusado, juntamente com Joaquim Alencar Seixas (morto ao resistir à voz de prisão), do assassinato do industrial Henning Albert Boilesen”.
O empresário Henning Albert Boilesen, da Ultragás, que teria sido um dos financiadores da OBAN, foi assassinado em São Paulo, em 1971.
E o DOI-Codi precisava capturar o assassino.
Ou inventar um assassino.
E matá-lo.

Texto © Francisco Weyl / #TRIBUNADOSALGADO
FOTO-reprodução De foto familiar

FONTE: http://www.desaparecidospoliticos.org.br/pessoa.php?id=131&m=3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Alencar_de_Seixas




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