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‪#‎CINEMA‬ > Cresce a cena audiovisual em Bragança


Mais que a simples projeção de um filme, a sessão organizada pelo Cineclube Céu de Estrelas na noite desta quarta, 29/5 é a revelação de que Bragança segue firme na colaborativa rota da resistência cultural. O Cineclube exibirá o documentário de financiamento e criação coletivo “Belo Monte, anúncio de uma guerra”, no Vacaria Club, a partir das 21hs, com entrada franca.
A ação cineclubista do “Céu de Estrelas” é organizada pelo professor Christóvam Pamplona Neto, que atua há cerca de dois anos com a cena audiovisual bragantina, tendo inclusive produzido documentários de temáticas sociais, alguns dos quais filmados em protestos e passeatas.
Outros professores participaram destas cenas, entre estes, Danilo Gustavo Asp e Evandro Medeiros (que inclusive conquistaram o Prêmio de Melhor Documentário no Festival Internacional de Cinema do Caeté - FICCA 2014).
LIMUS - Pamplona diz que, por iniciativa do programa de pós-graduação em Linguagens e Saberes Amazônicos, da UFPA, foi criado Limus, que iniciou a produção de vídeos de alta definição (full HD) em Bragança, tendo como objetivo principal filmar um documentário sobre São Benedito (“O Santo Preto”). De acordo com o professor-cineclubista, estes vídeos produzidos pelo Limus - em conjunto com o Grupo de estudos sócio ambientais costeiros do programa de pós-graduação em Biologia Ambiental da UFPA - foram exibidos na Vila do Treme e Bragança (UFPA e Praças).
BRAGACINE – Paralelamente as estas atividades, o Projeto Aluno Repórter, que forma jovens de ensino médio nas práticas tele e radio-jornalísticas fez parcerias e avançou para o campo audiovisual, tendo orientado oficinas que resultaram em dois cineclubes na Região, o Bragacine e o Traquacine. Estes dois cineclubes, que chegaram a fazer sessões, seguidas de debate para as comunidades, foram fundados, respectivamente, em abril e junho de 2010, por alunos repórteres que participaram das ações do Projeto Inovacine, desenvolvido àquela altura pela FAPESPA – Fundação de Amparo á Pesquisa do Estado do Pará. As oficinas eram ministradas por Mateus Moura e Miguel Haoni, da Associação de Jovens Críticos de Cinema, e Francisco Weyl, da Federação Paraense de Cineclubes, hoje coordenador do FICCA.
CASA DO PROFESSOR – Outra atividade cineclubista que se tem notícia no Município de Bragança é o Centro Cultural Cineclube Casa do Professor, fundado em 29 de janeiro de 2011, e que funciona na Praia de Ajuruteua. A Casa do Professor realiza sessões não periódicas, a depender dos deslocamentos das pessoas envolvidas nas ações. Os filmes são direcionados a crianças e adolescentes, embora também ocorram sessões para adultos, sempre seguidas de debates.
FICCA – Recentemente o Festival Internacional de Cinema do Caeté – FICCA começou a desenvolver ações cineclubistas no âmbito do Atelier de Artes e Práticas Audiovisuais, que compreende ainda grupos de estudos e minicursos. Até o momento já foram projetados sete filmes de curtas e médias-metragens nas sessões que acontecem mensalmente, sendo seguidas de debates e diálogos. No próximo dia 6 de maio, haverá projeção de “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho.
OFICINAS – Além das ações cineclubistas, Bragança tem recebido oficinas audiovisuais, como a do “SE RASGUM” e mesmo ações pontuais da Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação Cultural Tancredo Neves. Mas estas ações, apesar de formativas, costumam ser efêmeras, e sem aprofundamento de relações com as raízes sociais do Município.
ESTAÇÃO - no passado, falou-se que a Prefeitura fez parceria com o Instituto de Artes do Pará – IAP, e o Núcleo de Produção Digital – NPD, para a veiculação de filmes em programa televisivo em emissora privada que é paga pelo erário municipal, a Bandeirante. Fizeram publicidade, mas nenhum filme passou, o programa não foi ao ar.
Naquela altura, o editor da ‪#‎TRIBUNADOSALGADO‬, Francisco Weyl escreveu um artigo (“Contribuição ao Audiovisual Bragantino”) em que manifesta sua discordância com esta lógica de pagar emissora privada e muito menos abrir espaço na programação local para filme que não são produzidos no Município.
O fato é que, sem recursos e muito menos políticas públicas definidas, as ações culturais municipais são resolvidas ao pé do ouvido dos gestores, que operam conforme a relação afetiva dos mesmos com os seus interlocutores, quando, ao contrário, o município deveria entrar no Sistema Nacional de Cultura, e fechar em 2% os recursos para o setor, evitando assim as negociações urgentes que privilegiam interesses escusos de forma nunca transparentes.
No caso específico do setor audiovisual, compreendemos que ele representa uma potência no enfrentamento à cultura de mercado e na construção de uma pedagogia e de uma metodologia coletivas, com ações em rede, que envolvam as comunidades e sejam abertas, democráticas, e transparentes.
FONTE © Texto Francisco Weyl, Diretor e Editor do Jornal #TRIBUNADOSALGADO / Foto "recolhida" do site do projeto Cinema de Guerrilha

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