Tenho muito orgulho de ter contribuído para
formação de recursos humanos na região amazônica, em especial, no Estado do
Pará e ainda mais, na Instituição que me permitiu a formação em engenharia.
A UFPA completa 60 anos este ano.
Participei mais da metade desse tempo, contribuindo com seu crescimento.
Desde que me recordo, sempre gostei de
estudar e ensinar. A docência é minha
paixão. Tentei carreira na engenharia, mas retornei. A experiência em
engenharia foi muito importante, pois trabalho na formação de engenheiros.
Tento ensinar aos meus alunos que engenheiros devem fazer engenhos, não devem
apenas se conformar em "rodar a máquina". Precisam abrir a caixa
preta.
O mestrado e em especial o doutorado, me
abriram horizontes e comecei a tomar consciência do que eu não sabia e aprender
a tentar saber. Eu sempre brinco com meus alunos, uso chavões que não lembro
autor, que o primeiro passo é descobrir o que não sabemos, o eu sei o que eu
não sei. Para animá-los, repito chavões que "a rapadura é doce, mas não é
mole", "o caminho do inferno é o mais florido",
Voltar ao Pará, para UFPA foi uma opção consciente e eu tinha um pouco
a idéia dos desafios. Eu nunca fui de me acomodar. Aprendi de casa, a tentar
sempre fazer o melhor, a não reclamar do que se tem, agradecer e tentar
melhorar. Eu trabalho assim. Às vezes, não poucas, o desânimo bateu, mas tive
apoio para superar.
Ter participado da criação de áreas de
pesquisa no PPGEE, do doutorado em EE, do mestrado e doutorado do PPGCC. Ter
participado da criação dos cursos de engenharia da computação, engenharia de
telecomunicações. Acompanhar o sucesso de ex orientados faz perceber o quanto
vale a pena. Não advogo a endogenia, mas na Amazonia ainda formamos os nossos..
Eu fico muito orgulhoso em ter como colega de faculdade docentes que formei
desde a iniciação científica. Ver meu primeiro orientado de doutorado dando
aula no Canadá, tendo trabalho reconhecido.
Cada realização de ex orientados é uma alegria diferente. Ex orientados meus atuam em todas IFES do Estado
do Pará, em várias instituições do Brasil. Parte deles atua em empresas e no
exterior. Participo de bancas examinadoras de trabalhos orientados dos
ex-orientados, alguns em co orientação. Ver a qualidade do trabalho deles me
orgulha mais ainda.
A UFPA me possibilitou contribuir com o
sistema de ciência e tecnologia do Estado. Além da implantação do PCT, dos
laboratórios e das redes, a experiência
em gestão no governo do Estado permitiu que eu
participasse da equipe de
projetos que eram concepção da academia. O projeto Navegapará foi
concebido pela experiência que obtivemos em projetos desenvolvidos em parceria
com a Eletronorte. Existia um gargalo político com a Eletronorte, que se
arrastava há anos, e que só com intervenção do governo estadual em 2007 foi
resolvido. A concepção que foi apresentada pelo governo foi acadêmica. A
implementação da rede de comunicação foi possível com a ida da equipe da UFPA
que formamos, docentes e pós graduandos. O professor Renato Francês comandou a
equipe na Prodepa, com participação ativa de doutorandos do PPGEE, hoje
docentes em maioria. Destaco Lamartine Vilar, João Chamma, Edvar Oliveira,
Jorge Souza, Claudio Alex e Diego Cardoso. Foi uma sensação indescritível
acessar a rede Navegapara pela primeira vez na praça do Mirante em Santarém. Em
menos de 2 anos, tempo decorrido entre protocolo de cooperação entre o Governo
do Pará e a Eletronorte. Foram elaborados, contratados e executados projetos
para enlace óptico sobre cabos OPGW, para vários enlaces de aproximação por
fibras ópticas suportados sobre postes entre as subestações da Eletronorte e os
Pontos de Presença do Estado nos Município (em regiões de dificil acesso), construção de abrigos para equipamentos
(edículas), a construção de torres, implantação de redes WiMAX para
distribuição de sinais. Portanto, naquela tarde me deparei que com nossa
atuação, ali naquele ponto, foram
vencidos 2000 km de enlaces ópticos de distância, envolvendo o backboone em
cabo OPGW da Eletronorte entre Santa Maria e Rurópolis. O enlace também em cabo
OPGW entre Rurópolis e Santarém, pertencente a REDE CELPA, e mais 15 km de
enlace de aproximação entre a subestação da CELPA em Santarém o Ponto de
Presença do Governo do Estado. Confesso que peguei o telefone e
"abracei" meus colegas. Chorei mesmo!
E isso era pouco para o que veio depois, a
implantação das políticas de inclusão. Os telecentros, uma nova parte do
projeto que coordenei.
Tanto na UFPA, como fora dela, eu gostaria
de ter feito mais, de ter feito melhor. Fiz o possível!
Sei que ainda posso contribuir, há uma
jornada pela frente. Em especial, gostaria de ajudar na implantação de grupos
emergentes. A experiência na gestão da Unifesspa, a convivência com docentes
que chegavam para iniciar suas carreiras, o desafio para montagem de
estrutura..., me senti voltando aos anos 90. Mas também sei que o PPGEE, apesar
do conceito 5, ainda não está invariante. É necessário garantir que a segunda
geração de novos docentes leve em frente o projeto. O PPGEE desempenha um papel
estratégico em formação na região.
Finalizo com um MUITO OBRIGADO a todos que
me ajudaram, e que contribuíram com essa jornada.
Adoro músicas interpretadas pela Mercedes
Sosa. Me permito usar versos de duas que me tocam muito e que representam um
pouco este momento.
Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria
....
E então
Gracias a la vida que me ha dado tanto....
© Professor João WEYL
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