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#GOLPE “Todos somos Lúcio Flávio Pinto” (Opinião do Carpinteiro de Poesia)

Eu concordo com Lúcio Flávio Pinto e não vejo sentido nesta disciplina sobre o Golpe.
Penso que a análise histórica pertinente a este momento brasileiro poderia ser diluída nos programas de disciplinas cujas temáticas dialogassem com a questão histórica ou social.
Jamais defendi a inclusão de disciplinas como solução dos problemas curriculares brasileiros, nem mesmo da Arte, que é o meu métier.
O Golpe não é disciplina, mas curso livre, uma moda que se espalhou pelo país a partir do sul-sudeste, que sempre determina a pauta nacional, considerando menores as grandes questões amazônidas, as quais jamais priorizam em quaisquer esferas, institucional, política, educacional, audiovisual, etc.
Afinal, para estes “pensadores”, o Norte não produz conteúdos.
E há quem por estas bandas se aproveite disso.
Mas, sobre a desnecessidade desta disciplina, sobre o golpe, portanto, não nego que o assunto seja de interesse acadêmico e intelectual, mas não o romantizo a ponto de colocá-lo no centro da berlinda.
Ou da luta.
E este, aliás, é outro erro, eu nem diria da parte da “esquerda” porque este conceito é esquizofrênico e debatê-lo tornou-se neurótico, por parte de alguns setores que ainda não compreenderam bem a derrota histórica dos explorados com o predomínio deste grupo político,  econômico, jurídico e mediático, que tomou o país de assalto, por dentro de um sistema institucional, e legal, democrático, e burguês.
Tecnicamente, os trâmites decorreram de acordo com as normas da República e da Constituição tendo sido a presidente deposta, num grande acordo nacional, com o Supremo, com tudo.
Sim, é uma articulação internacional, empresarial, a partir de interesses diversos de investidores estrangeiros e empresários que elegem parlamentares de todos os partidos políticos, que inventam e reformam leis conforme as suas ambições de classe.
Mas, ter visão diferenciada sobre o país pode transformar um cidadão inimigo de morte de outro cidadão?
Lúcio Flávio Pinto tem a sua visão dos acontecimentos sociais do Brasil.
Eu tenho as minhas, e você, leitor, há de ter as suas.
O erro penso eu reside em considerar Lúcio Flávio um inimigo a ser combatido pelo fato dele professar um pensamento que desafine o coro dos contentes.
Eu compreendo que os movimentos precisam se agarrar às lutas mas há um certo desespero quase cego em “inventar” inimigos.
Recentemente se viu o combate a uma série da internet que estaria desinformando a sociedade sobre Lula.
(Ah, sim e Lula passou a ser intocável, inquestionável, não se pode criticar e nem falar mais sobre este grande líder, que segundo alguns, deve retornar à presidência para a redenção da Nação, o que eu sinceramente não concordo, porque penso que já acabou o tempo dele, devemos abrir espaços a outros líderes, e, sim, combater a perseguição política contra quem quer que seja, inclusive ele).
Então, súbito o Padilha, diretor da série, tornou-se inimigo porque, na fala de seus personagens ficcionais, há incongruências históricas.
Passarão a exigir que as ficções se tornem realidades e passaram a analisar séries como se fossem correspondentes aos acontecimentos históricos.
E a exigir que sejam "realidades",como se as "realidades" tivessem uma única versão, mas ocorrer que estas"realidades" estão sob o domínio das interpretações e das afirmações destas interpretações como "verdades".
E no âmbito deste embate, entre o que é real e o que é ficcional, mais que esclarecimentos, há confusões, a maioria das quais, conceituais.
A verdade se torna em guerra. A informação, uma arma.
E até considero curioso como se manipula e/ou como se saúda e/ou se ataca a quem produz informação.
Assisto desiludido a uma suposta batalha mediática e virtual entre defensores disto e daquilo, a postar frases e fotos e memes de pessoas, conforme pesam as suas próprias balanças.
Assim sendo até Gilmar Mendes pode ser bom ou mau, dependendo de como ele aja a favor ou contra aquele a quem defendemos ou atacamos.
Como se nossos inimigos fossem transitórios.
Se Lúcio elogiasse o curso livre do Golpe seria grande homem.
Mas como não elogia, bom homem não é.
E como critica, deve ser combatido, até porque, convenhamos, é solitário.
Qual a sua rede além dele mesmo?
Portanto, é fácil combater o Lúcio e por causa de uma crítica que ele construa, condená-lo ao ostracismo e negar seu histórico conhecimento e suas pesquisas sobre as contradições sociais da Amazônia.
O que tenho assistido nas redes sociais inclusive de pessoas que eu respeito é um desfilar de ataques contra LFP em diversas postagens e comentários.
E claro que LFP não está cima nem da lei e nem da critica.
Mas não pactuo que o ataquem da forma como o tem feito.
Externo aqui a minha solidariedade ao LFP.
E minha crítica a este curso livre sobre o golpe.

© Francisco Weyl (Jornalista / DRT - 2161)


© Arte-Cartaz filme "Contracorrente", de Francisco Weyl, disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=fMePZ1TRDo0 + https://www.youtube.com/watch?v=KcHCYPBSRtQ​


Para ler Lúcio Flávio Pinto - https://lucioflaviopinto.wordpress.com/
A AGENDA AMAZÔNICA DE UM JORNALISMO DE COMBATE

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Autodenominado Carpinteiro de Poesia (e de Cinema), poeta, realizador, cineclubista, e professor de arte, estética, filosofia, e cinema, Francisco Weyl, é doutorando em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal; é Mestre em Artes, e Especialista em Semiótica, pela Universidade Federal do Pará UFPA; e Bacharel em Cinema e Vídeo (Escola Superior Artística do Porto - ESAP); ministrou aulas no ensino superior em Cabo Verde (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde - UNIPIAGET), e no ensino médio, em Portugal (Escola Profissional da Região do Alentejo - EPRAL). Foi professor de Antropologia da Imagem no Mestrado de Antropologia, na UFPa; na pós-graduação de  Arte Fotográfica Digital do Estácio/Iesam , e ministrou aulas de Estética, Filosofia, e Metodologia de Pesquisa em Artes no Parfor Ufpa. Como jornalista, dirige e edita o Jornal Tribuna do Salgado, e produz e apresenta o programa Tribuna da Semana, na Rádio Pérola, em Bragança, Pará, onde também coordenou por três anos o FICCA - Festival Internacional de Cinema do Caeté; e o Sarau da Lua Minguante. Escreveu e publicou artigos científicos e jornalísticos, dentro e fora do país, Lançou três livros - edição de autor, todos em Portugal (Diário de Naufrágio - 1999 / Virgens Viragens - 2000; e Chapéu do Metafísico - 2001). É ativista em redes sociais, presenciais e virtuais. Marujeiro associado a Irmandade de São Benedito de Bragança, ocupa ainda a cadeira número 35 da Academia de Letras do Brasil - ALB, Seccional Bragança, entidade da qual é também presidente-executivo regional, e pela via da qual foi reconhecido como Doutor Honoris Causa .

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