Uma das coisas que mais me chamaram a atenção no Município de Bragança do Pará durante os cinco anos que eu lá habitei é a pobreza.
Uma contradição ver a beleza histórica se deteriorando por causa de uma elite que se sente confortável com o estado de coisas.
Esta elite é responsável pelo fato de Bragança ser o Município mais pobre entre aqueles que possuem 100 mil habitantes, o famoso G100.
Consequência desta pobreza é que a economia é movida pelo Poder Público e seus serviços, logo, o emprego e a renda são agregados as estruturas de poder institucional.
Considerando o compadrio, podemos justificar porque não existem vozes críticas no Município.
As que existem são logo caladas, seja porque são abafadas, ou mesmo, compradas.
Ou seja, a crítica tem financiamento, o que corrobora para que as opiniões sejam desqualificadas porque os poucos que as emitem têm rabo preso com grupos políticos, empresariais, ou institucionais.
Ou com estes três seguimentos, em simultâneo, pois que estes também se locupletam.
Afora esta forma de obtenção de trabalho e renda, apenas o tráfico, que cresce de forma vertiginosa, arrastando jovens ao mundo do crime, e a sociedade ao colapso da violência social cotidiana.
Some-se a isso a falta de estrutura, a despeito da boa vontade, da Polícia, os casos de violência aumentam, em todos os cantos de Bragança.
Um Município, portanto, em pânico, e vitimado pela ausência de políticas públicas transparentes, com uma Câmara de vereadores silenciosa, que não fiscaliza e faz vistas grossas ao Executivo.
Bragança não tem oposição.
E todos sabemos da importância das vozes respeitosamente dissonantes para a Democracia.
A unanimidade é burra, ensinou com o seu sarcasmo peculiar o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues.
Dependente de um Poder Público que não tem políticas, faz obras sem licitação, não revela seus indicadores, mas gera renda e emprego que faz jus ao compadrio.
Essa situação que se repete a cada ano está na matriz desta pobreza a qual o Município está subjugado.
É também uma pobreza moral e intelectual, com a História abandonada à própria sorte, sem Arquivo Público, com documentos deteriorados, e prédios históricos a desabar, com a devida omissão , inclusive do Ministério Público, que faz ajustes de condutas, não o cobra e depois os modifica, como se verificou na derrubada autorizada do antigo Consulado Português que funcionava no Município.
Bragança tem uma elite que está destruindo o Município.
Uma elite que convoca o povo a votar nos mesmos candidatos que sustentam e são sustentados por este estado de coisas.
Uma elite que se alimenta como abutre da miséria social pela qual é responsável.
E que persegue as vozes descontentes e as tenta comprar, quando não silenciar.
Dependentes desta elite, o povo também se cala, e evite emitir suas opiniões e mesmo se manifestar, para não ficar marcado, e assim garantir suas perspectivas de se manter em seus postos ou crescer de status.
Muitas vezes quando eu me manifestava algumas pessoas chegaram a me mandar embora de lá, como seu fosse estrangeiro, como se estrangeiro merecesse ser mal tratado.
Vai pra rua terra, diziam, mas eu sou de Bragança.
E em nome de minha bragantinidade, desenvolvi diversas ações voluntárias, sem economia de esforços .
E desenvolvi ações culturais que potencializaram a criatividade das comunidades excluídas.
Mas precisava dizer e continuarei a dizer o que penso sobre estas elites, que estão no Poder, e nas instituições públicas, inclusive de ensino superior.
Eu amo Bragança, mas tirem-me de lá esta elite.
© Francisco Weyl
(Autodenominado Carpinteiro de Poesia (e de Cinema), poeta, realizador, cineclubista, jornalista, radialista, professor, e ensaísta, Francisco Weyl, é doutorando em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal; Mestre em Artes; Especialista em Semiótica, pela Universidade Federal do Pará UFPA; e Bacharel em Cinema e Vídeo (Escola Superior Artística do Porto - ESAP), tendo ministrado aulas de arte, comunicação, estética, filosofia, metodologia, antropologia da imagem, jornalismo, publicidade, fotografia, e cinema, no ensino superior em Cabo Verde (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde - UNIPIAGET); no ensino médio, em Portugal (Escola Profissional da Região do Alentejo - EPRAL); nos Programas de Mestrado, em Antropologia, na Universidade Federal do Pará; e Arte Fotográfica Digital do Instituto de Ensinos Superiores da Amazônia / Estácio; e nas Faculdades de Bragança – FABRA; e Estácio. Jornalista e agitador cultural, coordena formações de jovens em situações de vulnerabilidade em comunidades paraenses; dirige e edita o Blog “Tribuna do Salgado”; coordena o FICCA - Festival Internacional de Cinema do Caeté; escreve e publica artigos científicos e jornalísticos, dentro e fora do país, tendo lançado três livros - edição de autor, em Portugal (Diário de Naufrágio - 1999 / Virgens Viragens - 2000; e Chapéu do Metafísico - 2001). É ativista em redes sociais, presenciais e virtuais; e marujeiro associado à Irmandade de São Benedito de Bragança do Pará, onde ocupa a cadeira número 35 da Academia de Letras do Brasil - ALB, entidade da qual é presidente-executivo regional, e pela via da qual foi reconhecido com o Título de Doutor Honoris Causa.
Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/2981504017682094)
Uma contradição ver a beleza histórica se deteriorando por causa de uma elite que se sente confortável com o estado de coisas.
Esta elite é responsável pelo fato de Bragança ser o Município mais pobre entre aqueles que possuem 100 mil habitantes, o famoso G100.
Consequência desta pobreza é que a economia é movida pelo Poder Público e seus serviços, logo, o emprego e a renda são agregados as estruturas de poder institucional.
Considerando o compadrio, podemos justificar porque não existem vozes críticas no Município.
As que existem são logo caladas, seja porque são abafadas, ou mesmo, compradas.
Ou seja, a crítica tem financiamento, o que corrobora para que as opiniões sejam desqualificadas porque os poucos que as emitem têm rabo preso com grupos políticos, empresariais, ou institucionais.
Ou com estes três seguimentos, em simultâneo, pois que estes também se locupletam.
Afora esta forma de obtenção de trabalho e renda, apenas o tráfico, que cresce de forma vertiginosa, arrastando jovens ao mundo do crime, e a sociedade ao colapso da violência social cotidiana.
Some-se a isso a falta de estrutura, a despeito da boa vontade, da Polícia, os casos de violência aumentam, em todos os cantos de Bragança.
Um Município, portanto, em pânico, e vitimado pela ausência de políticas públicas transparentes, com uma Câmara de vereadores silenciosa, que não fiscaliza e faz vistas grossas ao Executivo.
Bragança não tem oposição.
E todos sabemos da importância das vozes respeitosamente dissonantes para a Democracia.
A unanimidade é burra, ensinou com o seu sarcasmo peculiar o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues.
Dependente de um Poder Público que não tem políticas, faz obras sem licitação, não revela seus indicadores, mas gera renda e emprego que faz jus ao compadrio.
Essa situação que se repete a cada ano está na matriz desta pobreza a qual o Município está subjugado.
É também uma pobreza moral e intelectual, com a História abandonada à própria sorte, sem Arquivo Público, com documentos deteriorados, e prédios históricos a desabar, com a devida omissão , inclusive do Ministério Público, que faz ajustes de condutas, não o cobra e depois os modifica, como se verificou na derrubada autorizada do antigo Consulado Português que funcionava no Município.
Bragança tem uma elite que está destruindo o Município.
Uma elite que convoca o povo a votar nos mesmos candidatos que sustentam e são sustentados por este estado de coisas.
Uma elite que se alimenta como abutre da miséria social pela qual é responsável.
E que persegue as vozes descontentes e as tenta comprar, quando não silenciar.
Dependentes desta elite, o povo também se cala, e evite emitir suas opiniões e mesmo se manifestar, para não ficar marcado, e assim garantir suas perspectivas de se manter em seus postos ou crescer de status.
Muitas vezes quando eu me manifestava algumas pessoas chegaram a me mandar embora de lá, como seu fosse estrangeiro, como se estrangeiro merecesse ser mal tratado.
Vai pra rua terra, diziam, mas eu sou de Bragança.
E em nome de minha bragantinidade, desenvolvi diversas ações voluntárias, sem economia de esforços .
E desenvolvi ações culturais que potencializaram a criatividade das comunidades excluídas.
Mas precisava dizer e continuarei a dizer o que penso sobre estas elites, que estão no Poder, e nas instituições públicas, inclusive de ensino superior.
Eu amo Bragança, mas tirem-me de lá esta elite.
© Francisco Weyl
(Autodenominado Carpinteiro de Poesia (e de Cinema), poeta, realizador, cineclubista, jornalista, radialista, professor, e ensaísta, Francisco Weyl, é doutorando em Artes Plásticas na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal; Mestre em Artes; Especialista em Semiótica, pela Universidade Federal do Pará UFPA; e Bacharel em Cinema e Vídeo (Escola Superior Artística do Porto - ESAP), tendo ministrado aulas de arte, comunicação, estética, filosofia, metodologia, antropologia da imagem, jornalismo, publicidade, fotografia, e cinema, no ensino superior em Cabo Verde (Universidade Jean Piaget de Cabo Verde - UNIPIAGET); no ensino médio, em Portugal (Escola Profissional da Região do Alentejo - EPRAL); nos Programas de Mestrado, em Antropologia, na Universidade Federal do Pará; e Arte Fotográfica Digital do Instituto de Ensinos Superiores da Amazônia / Estácio; e nas Faculdades de Bragança – FABRA; e Estácio. Jornalista e agitador cultural, coordena formações de jovens em situações de vulnerabilidade em comunidades paraenses; dirige e edita o Blog “Tribuna do Salgado”; coordena o FICCA - Festival Internacional de Cinema do Caeté; escreve e publica artigos científicos e jornalísticos, dentro e fora do país, tendo lançado três livros - edição de autor, em Portugal (Diário de Naufrágio - 1999 / Virgens Viragens - 2000; e Chapéu do Metafísico - 2001). É ativista em redes sociais, presenciais e virtuais; e marujeiro associado à Irmandade de São Benedito de Bragança do Pará, onde ocupa a cadeira número 35 da Academia de Letras do Brasil - ALB, entidade da qual é presidente-executivo regional, e pela via da qual foi reconhecido com o Título de Doutor Honoris Causa.
Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/2981504017682094)
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