Robson Farias cresceu comendo alimentos contaminados por agrotóxicos na propriedade de sua família, na zona rural bragantina. Ele trabalhava sem o menor cuidado com segurança e saúde. Inseticida, herbicida, fungicida faziam parte de sua infância e adolescência. Entretanto, depois que cresceu, casou, tomou conta do seu terreno, começou a trabalhar com agricultura familiar e mudou os seus hábitos.
“O que eu consumia era separado do que eu trazia pra cidade, ainda hoje, o que o agricultor vende, é com veneno, mas o que ele consome, ele tem um cuidado maior, porque o pessoal da cidade quer sempre um produto mais limpo e com uma aparência melhor, que nem sempre é saudável”, afirmou o estudante e agricultor durante roda de conversa realizada nesta manhã no âmbito do “Primeiro Seminário de Agroecologia: Integração Agroecologia e Bragança disseminando ideias”.
E toda esta mudança ele atribui aos conhecimentos e às técnicas que adquiriu ao cursar agroecologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, IFPA – Bragança. Se antigamente ele usava bastante veneno para fazer um viveiro de mudas, hoje, ele deixa as filhas apanharem acerola na árvore, sem nenhum receio de contaminação.
Na propriedade familiar, Robson Farias trabalha com meliponicultura e apicultura, segundo ele, esta é uma das atividades que mais se adequam ao sistema de sustentabilidade pelo seu alto valor ecológico e social. Além disso, o agricultor-estudante utiliza técnicas de enxertia na produção de diversos tipos de mudas, como mogno, pau-brasil, e até acácia mãe, considerada agressiva, cujo plantio, entretanto, ele defende para usar como lenha. E justifica que tem observado em várias comunidades a dificuldade de se encontrar lenha para as casas de farinha.
Além do contexto de produção, o agricultor-estudante trabalha sob o paradigma cooperativista, já que habita em uma comunidade com cerca de seis propriedades familiares, onde todos os habitantes desenvolvem práticas sustentáveis como o plantio, o manejo e a colheita, coletivos e de caráter preservacionista, razão pela qual eles se orgulham da reserva ecológica existente em suas terras, particularmente as nascentes que não secam nem mesmo no verão.
Mas nem só de práticas sustentáveis vive o campo. Robson Farias denuncia que muitos agricultores já não mais produzem e que por isso mesmo estão a vender as suas propriedades, nas quais ainda predomina a prática do derruba e queima. A prioridade do pasto desmata a floresta. E, poluídos, os igarapés estão a secar. A situação é mais grave do que imaginam os jovens estudantes, que sabem que tem de ir muito além da academia.
Organizado pelos concluintes do curso de Tecnologia em Agroecologia 2012 do IFPA-Bragança, à frente Tatiane Santos, Aila Freitas, Jhonatan Lima e Rosângela Pantoja, o “Primeiro Seminário de Agroecologia: Integração Agroecologia e Bragança disseminando ideias”, terminou esta tarde, contou ainda - nesta roda de conversa - com a participação dos estudantes-agricultores Raimundo Nonato e Eduardo Brito, que também relataram as suas experiências com diversas práticas sustentáveis em agroecologia.
Fonte © #TRIBUNADOSALGADO
(Texto: Francisco Weyl / Foto meramente ilustrativa autoral)
“O que eu consumia era separado do que eu trazia pra cidade, ainda hoje, o que o agricultor vende, é com veneno, mas o que ele consome, ele tem um cuidado maior, porque o pessoal da cidade quer sempre um produto mais limpo e com uma aparência melhor, que nem sempre é saudável”, afirmou o estudante e agricultor durante roda de conversa realizada nesta manhã no âmbito do “Primeiro Seminário de Agroecologia: Integração Agroecologia e Bragança disseminando ideias”.
E toda esta mudança ele atribui aos conhecimentos e às técnicas que adquiriu ao cursar agroecologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, IFPA – Bragança. Se antigamente ele usava bastante veneno para fazer um viveiro de mudas, hoje, ele deixa as filhas apanharem acerola na árvore, sem nenhum receio de contaminação.
Na propriedade familiar, Robson Farias trabalha com meliponicultura e apicultura, segundo ele, esta é uma das atividades que mais se adequam ao sistema de sustentabilidade pelo seu alto valor ecológico e social. Além disso, o agricultor-estudante utiliza técnicas de enxertia na produção de diversos tipos de mudas, como mogno, pau-brasil, e até acácia mãe, considerada agressiva, cujo plantio, entretanto, ele defende para usar como lenha. E justifica que tem observado em várias comunidades a dificuldade de se encontrar lenha para as casas de farinha.
Além do contexto de produção, o agricultor-estudante trabalha sob o paradigma cooperativista, já que habita em uma comunidade com cerca de seis propriedades familiares, onde todos os habitantes desenvolvem práticas sustentáveis como o plantio, o manejo e a colheita, coletivos e de caráter preservacionista, razão pela qual eles se orgulham da reserva ecológica existente em suas terras, particularmente as nascentes que não secam nem mesmo no verão.
Mas nem só de práticas sustentáveis vive o campo. Robson Farias denuncia que muitos agricultores já não mais produzem e que por isso mesmo estão a vender as suas propriedades, nas quais ainda predomina a prática do derruba e queima. A prioridade do pasto desmata a floresta. E, poluídos, os igarapés estão a secar. A situação é mais grave do que imaginam os jovens estudantes, que sabem que tem de ir muito além da academia.
Organizado pelos concluintes do curso de Tecnologia em Agroecologia 2012 do IFPA-Bragança, à frente Tatiane Santos, Aila Freitas, Jhonatan Lima e Rosângela Pantoja, o “Primeiro Seminário de Agroecologia: Integração Agroecologia e Bragança disseminando ideias”, terminou esta tarde, contou ainda - nesta roda de conversa - com a participação dos estudantes-agricultores Raimundo Nonato e Eduardo Brito, que também relataram as suas experiências com diversas práticas sustentáveis em agroecologia.
Fonte © #TRIBUNADOSALGADO
(Texto: Francisco Weyl / Foto meramente ilustrativa autoral)
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