#IMORTAL "Perspectivas da seccional Bragança da Academia de Letras do Brasil - 2020" (Por Francisco Weyl)
Uma das questões que temos pautado quando dialogamos com o
professor Ribamar Oliveira, a quem devemos este tributo de ter sido visionário
e disponibilizado a sua ação voluntariosa em instalar em solo bragantino – há cinco
anos – esta que hoje é a seccional municipal da Academia de Letras do Brasil,
da qual somos a espinha dorsal enquanto acadêmicos, que se reúnem sob este
glorioso manto da intelectualidade e mesmo da imortalidade, para resgatar a memória,
a história, e a cultura desta terra.
Uma Academia diversa esta nossa, que reflete a grandeza de
Bragança, a sua pujança, a sua densidade, pelas diferentes pessoas cujas contribuições
ao Município são reconhecidas ao ocuparem as cadeiras deste Silogeu, sobre o
qual pensamos, e ao qual nos dedicamos, por acreditamos que sonhos são
realidades, e que as idealidades tem de ser contrastadas com as realidades, e que
as imortalidades tem de ser afirmadas, em vida.
5 anos nos coloca a necessidade de definirmos qual o papel da
ALB dentro do contexto nacional, regional, e local, quais as análises que temos
das conjunturas políticas e sociais, das contradições econômicas, jurídicas,
das exigências da pós-modernidade que nos remete a questões como o pânico, a
violência, o ódio, e o suicídio, o consumismo e miséria, o tráfico e as
guerras, e, não menos importante, das políticas de desenvolvimento educacional
e cultural.
Nossa imortalidade não nos aliena para o mundo, antes pelo
contrário, nos convoca à humanidade, ao diálogo, ao debate, à ação prática,
para além de nossa própria entidade, para além de nossas virtudes e
mesquinharias, a imortalidade nos impõe organização e organicidade, ela exige que
nos integremos a realidade, e que sejamos os edificadores de uma irmandade, em
nossas vidas enquanto pesquisadores, professores, economistas, advogados, poetas,
escritores, cantores, artistas plásticos, engenheiros, padres, freiras, e demais
segmentos profissionais alcançados pelas experiências dos nossos nobres
imortais, nós, acadêmicos.
Esta imortalidade que nos confere um status para além do real
e que nos situa no panteão da eternidade, ela também exige que nossas obras
tenham um sentido humano, que construam raízes, que gerem frutos, e que sejam
contínuas, abertas, e que, para além de nosso nome individual, coroem os
excluídos, e incluam aqueles cujo saber historicamente é ao mesmo tempo
desqualificado e usurpado, ridicularizado e roubado, nossa imortalidade exige
que sejamos sinceros com os princípios que a regem e com os valores que a instituíram
a partir dos critérios estabelecidos pela Academia de Letras do Brasil.
Eu sempre afirmo que Bragança não tem duas academias, mas
apenas uma, a Academia de Letras e Artes de Bragança, ALAB, considerando que a
nossa ALB é nacional, tem sede nacional, com representações autônomas
municipais e regionais, tem sido a nossa região responsável pela expansão
simbólica e quantitativa da ALB nacional, expandindo-se, implantando-se e
criando células em alguns municípios paraenses, e mesmo fora do país, ou seja,
pertencemos a uma Academia nacional, diferentemente da Academia de Letras do
Brasil (ABL) que é literata (e política), sendo a nossa ALB mais aberta às
possibilidades e probabilidades do universo cultural e social, político e literário,
portanto, uma academia que desde a sua fundação e composição já anuncia um
caráter amplo e com o foco nas questões que interferem na vida das diversas
sociedades e das comunidades que as compõem.
Não somos imortais, nem podemos vir a ser imortal, se nos
contentarmos com nossas imagens emolduradas em quadros, ou se pensarmos que
nossa casa é um museu de papeis que reconhecem a nossa obra, porque sabemos que
nossa obra é co9mplexa e se refaz no processo em que a construímos, e que pela
sua dinâmica, ela precisa ser transformada, diariamente, numa velocidade
dialética que absorve os diversos fatos aos quais estamos conectados, nosso
mundo real, nosso movimento e nossa inércia, nosso ir e vir, dormir, e andar, as
pequenas coisas que nos fazem ser o que são e cuja tradução em nossas obras são
muitas vezes invisíveis, mas que entretanto são a própria pulsão de nossa alma
neste planeta.
As obras imortais são humanas, atravessam e são atravessadas,
pelas culturas que as constroem, e pelos valores que as edificam, sendo a
Academia de Letras do Brasil – Bragança um catalizador destas (nossas) ações,
destas criações e recriações, estabelecidas em processos, contínuos, dinâmicos,
e complexos, que são a própria substância de um Devir-Imortal que se faz no
concreto, razão pela qual urge pensar as nossas práticas acadêmicas, o nosso
trajeto na academia, de forma a apontar as suas missões e estratégias até 2020.
Francisco Weyl, acadêmico presidente-executivo regional ALB
Cadeira 35 – ALB Bragança do Pará
Patrono Cônego Raimundo Ulysses de Albuquerque Pennafort
Bragança do Pará, 17 de Dezembro de 2017
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