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#CASAVELHA "Os contemporâneos marambaios, marambaicos (Carpinteiro de Poesia)"



(Reflexão sobre arte, intervenção e resistência urbana e periférica em Belém do Pará)
Uma ou umas determinadas ou indeterminadas falas das periferias, no plural, embora seja o espaço aqui dialogado, singular, vai circular no centro das ações culturais da Cidade, velha pela sua própria natureza, bairro que sendo central, é também periférico, mas onde convivem, entretanto, muito bem distribuídos, na sua geopolítica, casebres de drogados e mansões de classe media, no ir e vir congestionado de uma periferia que corre e socorre mas sufoco o centro porque irradia uma tradição nômade, de carnavais e de resistência, desde os tempos tupinambás, apesar de que agora soterrados por uma politica neoclássica que viabiliza a pedagogia clerical em detrimento de uma participação social, que se limita ao acesso ao rio, traduzido em passeio turístico e festivo sem vinculo com a realidade, muito além de periférica, violenta, da qual muito se fala, e a qual muito se teme ,no que se iguala a Marambala onde meninos dão e levam facadas e partem pras porradas quando isso se torna necessário mas enquanto isso eu que estou aqui quieto no meu canto imaginário, atravessado, considero desnecessário falar através de uma circulação urbanoide como quem trás a as atrações para o circo, num espetáculo que só acontece no centro porque, na periferia, ele não encontra mais espaço, pelo que ele também se elitiza e desvincula suas vibratórias exposições para um campo que lhe é exterior, e que lhe é um dominador, neste neocolonislismo, em que o centro exige uma permanência ,e uma ocorrência, uma concorrência, da periferia, que o fortalece, paradoxalmente, tal qual os racionais se apropriam das magias, ou os políticos, das falas dos movimentos sociais, para, em seu nome, em nome do que de fato discordam, mas ao qual recorrem quando necessário para continuar o ciclo de uma secular enganação, sendo perigoso, necessário, para que se estabeleça, nessa cena um dialogo democrática que entretanto não vai ate o arsenal de marinha, e nem a rua da marinha ou a rua da mata. , onde se mata e nem se chega ao jurunas quanto mais ao Tucunduba, imagina lá na Marambaia, que é em si uma resistência periférica, que tem as suas próprias falas, que as afirma, que se mobiliza, que provoca, e que produz os seus próprios e invisíveis fenômenos, e a suas contradições, desde os imemoriais tempos do Boi do Curió.

© Carpinteiro de Poesia Francisco Weyl
Imagens de Dri Trindade.

(Texto lido pelo autor durante o “Dia Periférico”, uma cena organizada pelo poeta Clei Souza, na Casa Velha, Cidade Velha, Belém, Pará, Amazônia, Brasil, 23 de Outubro de 2016)

Os contemporâneos marambaios, marambaicos (Carpinteiro de Poesia)
Narrativa do Carpinteiro de Poesia sobre a resistência periférica da Marambaia durante debate realizado pelo projeto UM DIA PERIFÉRICO, coordenado pelo poeta Clei Souza.

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