A Arte não é um espelho para refletir o
Mundo, mas um martelo para forjá-lo. (Vladimir Maiakovski)
Nós,
artistas, produtores, técnicos, professores, pesquisadores, trabalhadores e
amantes das artes e das culturas amazônidas e paraoaras, vivemos, trabalhamos e
produzimos nas periferias, somos vitimas constante da ação violenta da policia.
Aqui
o buraco é mais em baixo, a polícia mata!
Nesse
sentido, denunciamos a politica de extermínio da juventude da periferia de
Belém pela Policia do Estado, e em especial a Negra, razão pela qual entendemos
que além de gritar Fora Paulo Chaves, é necessário clamar por politicas
culturais para a juventude da periferia.
Exigimos
uma politica cultural inclusiva para que possamos nos expressar perante o mundo
e desta forma nos realizar enquanto seres: que as vozes irmanadas gritem por
teatros, salas de cinema, espaços de multiuso, cursos profissionalizantes,
editais específicos.
Na
PERIFERIA.
(...)
Um
movimento de artistas não deve reduzir suas reivindicações à democratização dos
recursos públicos, mas questionar a própria estrutura de financiamento da
cultura, do contrário sairá das mãos dos marchands para a rede do capital
privado, sob o domínio da burocracia estatal.
Se
a arte entra no jogo do mercado como necessidade de sobrevivência dos artistas
periféricos na selva do capital, ela não deve se reduzir ao jogo da economia da
cultura.
O
jogo de selos, portfólios, logos, tudo deve ser questionado quando se pensa em
arte livre.
Denunciamos, portanto, este jogo sórdido do campo
cultural subordinado aos interesses e regras de instituições governamentais,
empresas, leis e organizações não governamentais, cujas práticas não vão ao
encontro das comunidades excluídas dos processos culturais.
Uma
arte livre deve ser autônoma, não deve ser apenas resultado de uma oferta do
Estado, de espaços para sua exibição e fomento. Esse espaço também deve ser
construído por fora, de maneira autônoma a qualquer instituição.
Arte e cultura são conhecimentos ancestrais
constitutivos do humano, em especial na Amazônia, e não ferramentas ou
indicadores de ascensão econômica e social, e por isso manifestamos latente
preocupação quanto a esta abordagem.
(...)
Se
nos perguntarmos qual o valor do artista para a política cultural paraense,
rápido chegaremos a um consenso.
É
consenso para todos nós que o valor da cultura é simbólico.
Quanto
a isso, não há o que divergir.
Mas
não há dinheiro que pague um poeta, muito menos a sua poesia, ainda que o mercado
possa comercializar seus livros, consequentemente, o (pseudo) jornalismo e
crítica acadêmico-mediáticos os reverberem nesta roda da fortuna da indústria
cultural.
Um
poeta não tem valor, embora seja simbólica a sua produção cultural e ainda mais
real seja a sua intervenção na comunidade, a qual é totalmente “invisível” aos
olhos dos lucros indústrias - que lhe condenam ao anonimato de forma a
privilegiar os interesses dos grupos culturais que traficam a verdadeira arte
do povo para o mercado.
(...)
Como
diz Buscapé Blues, mas quando o assunto é
financeiro é cada um por si, cada um por si, cada um por si.
Numa
perspectiva econômica o Estado não pode apenas privilegiar quem faz e/ou produz
objetos/produtos para o mercado.
O
Estado até pode ajudá-lo, mas mantê-lo e ignorar o artista da periferia,
jamais.
O
Estado como indutor da economia não pode privar o artista popular e a arte que
se cria na periferia dos direitos ao acesso aos recursos, bens e às estruturas culturais,
que em tese deveriam ser disponibilizados a toda a sociedade.
O
Estado não pode permitir que a arte periférica fique à deriva do mercado.
E
quando falamos MERCADO queremos dizer a academia, a instituição, a mídia e
todos os seus ecos nas redes sociais.
O
papel do Estado é o de distribuir recursos à sociedade que afinal lhe paga
tributos.
(...)
Os
movimentos culturais se articularam e historicamente ampliaram as suas
conquistas, algumas traduzidas nas políticas de editais, que são na verdade
resultados de demandas populares.
Porque
apenas com pressão é que alcançamos os nossos objetivos, as nossas metas. Com
pressão somos capazes de ter mais força para negociar.
Mas
hoje os editais estão dirigidos para os grupos que atuam no mercado, deixando
muito menos que migalhas à periferia.
Há
portanto um setor ainda excluído, fartamente excluído, e o Estado tem de ser
responsabilizado e assumir este fato.
O
que está excluído da política cultural é a periferia.
Nesse
sentido, propomos – á exemplo do CUSTO AMAZÔNICO – o Custo Periférico, uma
política específica de editais e recursos para ações protagonizadas por artistas
e produtores culturais que são ou que agem nas periferias.
O
CUSTO PERIFÉRICO
Numa
perspectiva econômica o Estado não pode apenas privilegiar quem faz e/ou produz
objetos/produtos para o mercado.
O
Estado como indutor da economia não pode privar o artista popular e a arte que se
cria na periferia dos direitos ao acesso aos recursos, bens e às estruturas
culturais, que em tese deveriam ser disponibilizados a toda a sociedade.
O
Estado não pode permitir que a arte periférica fique à deriva do mercado.
Nós,
que vivemos, trabalhamos e produzimos nas periferias, somos vitimas constante
da ação violenta da policia, e denunciamos a politica de extermínio da
juventude da periferia de Belém pela Policia do Estado, e em especial a Negra e
exigimos politica cultural inclusiva para que possamos nos expressar perante o
mundo e desta forma nos realizar enquanto seres: que as vozes irmanadas gritem
por teatros, salas de cinema, espaços de multiuso, cursos profissionalizantes,
editais específicos. Na PERIFERIA.
Propomos
– à exemplo do CUSTO AMAZÔNICO – o Custo Periférico, uma política específica de
editais e recursos para ações protagonizadas por artistas e produtores
culturais que são ou que agem nas periferias.
Compreendemos
o CUSTO PERIFÉRICO como uma proposta de governança na área da cultura, razão
pela propomos a criação do programa REDE PERIFERIA.
Esta
REDE PERIFERIA contará com a participação do governo e da sociedade civil em
busca de estratégias que tenham a defesa da
juventude e das culturas populares, tradicionais, negras, periféricas.
Por este motivo, com base na ECONOMIA SOLIDARIA + CULTURA
DIGITAL + LIBERDADE CRIATIVA, propõe-se, para fortalecer esta REDE PERIFERIA:
1.
Linhas de crédito permanente para micro empreendimentos,
específicas para os diversos segmentos culturais que atuam ou desenvolvem ações
nas periferias.
2.
Editais de fluxo contínuo e desburocratizados, específicos
para as comunidades culturais periféricas, negras e tradicionais.
3.
Criação de uma frente acadêmica e institucional que a partir
de diálogo com a comunidade crie políticas e bolsas de ensino pesquisa e
extensão aos professores e estudantes de ensino médio e superior das
comunidades periféricas, negras e tradicionais.
4.
Centros Populares de Cultura Periférica - com gestão com
gestão autônoma, aberta, descentralizada, colaborativa e compartilhada e com
todas as garantias estruturais pela parte do estado para o seu devido
funcionamento por pelo menos três anos.
5.
Portal de Cultura Popular e Periférica, com gestão autônoma,
aberta, descentralizada, colaborativa e compartilhada.
ASSINAM
ESTE MANIFESTO * Angelo Madson - Idade Medi@
Comunicação para Cidadania.../ Arthur Leandro, artista, professor e militante
/ Andrea Scaff, cineclubista /
Adilson
Santos, poeta (BOI VAGALUME) / Alessandra Nunes, intérprete (Kem Pariu
Eutanázio) / Buscapé Blues, cantor, compositor / Bruna Suelen, artista / Cineclube
Amazonas Douro / Casa de Cultura da Terra Firme / Cláudio Figueredo, produtor /
Clei de Sousa, poeta e professor / Cleito Marcio
Santos Pantoja, Coreógrafo e Bailarino. / Caeté, poeta / Cuité,
artista popular / Carpinteiro (Francisco Weyl), poeta, realizador e jornalista
/ Coletivo Casa Preta / Domingos Conceição, arteeducador / Gideon, intérprete
(Kem Pariu Eutanázio) / Fernando Pádua, artista / Flávio Gama, artista popular
/ Isabela do Lago - Artista Visual, Educadora e
Cineclubista. / ISSAR - Inst. Saber Ser Amazônia Ribeirinha (Professor João Claudio Arroyo) / João Lúcio
Mazinni, professor e ativista cultural / Jorge
André Silva - Escritor e agente cultural
/ Luah Sampaio, ativista cultural / Movimento Cultural da Marambaia / Manoel
do Vale, escritor / Marco da Lama, poeta / Mateus Moura, realizador e cineclubista / Maria
Esperança Alves, arte-educadora / Marcio Sergino , cineclubista / Ronaldo Rony, cartunista / Paulo
Emmanuel, cartunista / PARACINE – Federação Paraense de Cineclubes / Priscila
Duque, jornalista ativista cultural / Rede Aparelho / Sandro Bar Bosa, poeta
popular / Saskya Sá, cineclubista / Tarcísio Silva Ferreira, Ativista na Cultura
Digital e Professor / União de Cineclubes da Bahia
*
Redigido por Francisco Weyl & João Lúcio Mazinni
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