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#INDIFERENÇA "Secretária de Cultura não fala sobre 100 dias de Governo"


No dia 17 de Fevereiro de 2019, formulei e enviei dezenas de perguntas à gestora da Secretaria de Estado de Cultura do Pará, Úrsula Vidal, de quem obtive um sonoro desinteresse em falar - na altura - sobre os 45 dias de governo.
Considerada emergente, ainda que sem experiência na cena política, e sem base real de apoio nas camadas populares, das quais jamais esteve próxima, Úrsula foi surpresa nas eleições para prefeitura e Senado.
De ideologia híbrida, trocou de partido diversas vezes, em busca do poder, que, afinal, alcançou, após acordo com Helder, assumindo, inicialmente, um programa em emissora radiofônica da Família Barbalho, e, depois, tornando-se secretária de cultura.
Sua entrada no governo foi saudada por diversos "atores" culturais, mas também gerou controvérsia para quem duvidava (ou ainda duvida) que uma pessoa possa alterar o paradigma do sistema.
À revelia das opiniões, assumiu a secretaria e esta fazendo uma gestão, no mínimo razoável, abrindo espaços ao menos para quem mora e atua no centro de Belém do Pará.
Compreendo que as prioritárias tarefas da secretaria não lhe dão folga para responder a demandas de um jornal alternativo, cuja equipe é reduzida ao seu diretor/editor, e que sobrevive sem publicidade e sem rabo preso, e que provavelmente não lhe vai dar - a ela, o foco mediático que os maiorana e os barbalho lhes podem oferecer com seus jornais, rádios, tvs.
Mas entendo que houve no mínimo indiferença e desinteresse com relação às perguntas, as quais sequer repassou a alguns de seus muitos assessores, que em tese poderiam dar conta deste recado.
Assim sendo, informo que faremos uma matéria sobre a gestão da CULTURA no PARÁ, sem, entretanto, ter a visão da gestora Úrsula Vidal, mas com a visão de criadores e fazedores de cultura paraenses.


Texto © Francisco Weyl
(Diretor/Editor da TRIBUNA DO SALGADO / Jornalista DRT-Pa 2161)

Autodenominado Carpinteiro de Poesia (e de Cinema), poeta, realizador, cineclubista, jornalista,  radialista, professor, ensaísta, artivista digital; Docente do Instituto Politécnico de Bragança; Doutorando em Artes Plásticas (Faculdade de Belas Artes / Universidade do Porto); Mestre em Artes e Especialista em Semiótica (Universidade Federal do Pará, Brasil); Bacharel em Cinema (Escola Superior Artística do Porto); com Aperfeiçoamento em Comunicação e Saúde (Fiocruz). Ministrou  aulas de arte, comunicação, estética, filosofia, metodologia, antropologia da imagem, jornalismo, publicidade, fotografia, e cinema, em Cabo Verde (Universidade Jean Piaget); e nos programas de graduação e pós, na Universidade Federal do Pará, Instituto de Ensinos Superiores da Amazônia; Faculdade de Bragança – FABRA; e Estácio. Jornalista e agitador cultural, desenvolve projetos com jovens em situações de vulnerabilidade, em comunidades periféricas e quilombolas; edita os Blogs Tribuna do Salgado e Luzitanias; coordena o FICCA - Festival Internacional de Cinema do Caeté; escreve e publica artigos científicos e jornalísticos, em países lusófonos; lançou três livros - edição de autor (Portugal, 2000). Foi Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, colaborou com projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF; é “Marujeiro”, associado à Irmandade de São Benedito; e Doutor Honoris Causa (Academia de Letras do Brasil – ALB), em Bragança do Pará.
CIÊNCIA VITAE https://www.cienciavitae.pt/pt/0E1F-491F-A77B



Segue abaixo as perguntas encaminhadas à Secretária de Cultura Úrsula Vidal no dia 17 de Fevereiro de 2019:

Perguntas do jornalista Francisco Weyl (TRIBUNA DO SALGADO) a Excelentíssima
Senhora Secretária de Cultura do Estado do Pará, jornalista Úrsula Vida.
Secretária, a senhora está à frente da Cultura do Pará há mais de 45 dias. Já dá para
ter uma avaliação do setor? Qual é esta avaliação, em linhas gerais?
Normalmente, os governos fazem planos, para CEM dias, um semestre, um ano.
Sinteticamente, qual o seu plano?
A senhora assume um setor que é o patinho feio de qualquer gestão, e sempre que se
quer reduzir custos, corta-se nos investimentos para a cultura. Considerando que vivemos
num pais cujos gastos estão congelados, como a senhora pretende lidar com isso?
Gerir uma pasta é fazer escolhas, investir em uma área e reduzir em outra. Como a
senhora pretende equilibrar estas decisões? E quais os setores que irá priorizar?
O Pará tem uma extensão territorial imensa, o Estado não consegue nem chegar, e
nem atender a todas as demandas de todos os municípios, as sedes das instituições ficam
todas concentradas na capital, cujos habitantes são sempre os mais privilegiados pelas raras
políticas públicas, razão pela qual pergunto:
Como a senhora como tenciona fazer a gestão chegar junto das comunidades mais
distantes?
A senhora concorda que os movimentos separatistas são coerentes (em função deste
distanciamento)?
E, mesmo em Belém, as políticas públicas e os acontecimentos culturais
concentram-se num corredor que começa na Estação das Docas e termina no Parque da
Residência, ignorando as comunidades periféricas. Como a senhora pretende reverter esta
realidade?
Há denúncias de pessoas e de grupos culturais, de que a Lei Semear é manipulada
de forma a beneficiar grupos políticos e empresariais.
A senhora já ouviu falar dessas denúncias?
Se as ouviu, o que pensa a respeito delas?
Ainda que não seja da responsabilidade direta da Secult - esta Lei (Semear), e se
forem verdadeiras tais denúncias, isso a deve incomodar, pessoalmente, então, pergunto se
há interesse da Secult de criar mecanismos que democratizem a Lei Semear, tornando-a
mais transparente e aberta?
Há diversos órgãos e instituições que compõem o sistema estadual de cultura, e
muitos destes fazem sombras uns aos outros, com ações próprias, como se fossem feudos, e,
sem diálogos interinstitucionais, o que significa dizer que há gastos demasiados para ações
similares, quando, ao contrário, um programa “guarda-chuva” poderia concentrar a
execução destes projetos, e desta forma, economizar e melhor aplicar recursos, como por
exemplo, em escala nacional foi o MAIS CULTURA. O que a senhora pensa sobre a
criação de projetos similares, mas em escala estadual, como por exemplo, MAIS TEATRO,
MAIS CINEMA, MAIS POESIA, em que todos os setores que tratam destas linguagens
pudessem estar reunidos para traçar suas metas e cronogramas?
Como a senhora pretende estabelecer o diálogo entre a SECULT e demais
instituições culturais, como a Fundação Tancredo Neves, a Funtelpa, entre outras, de forma
a executar políticas públicas comuns, que sejam mais inclusivas e não apenas focadas na
capital?
Os escritores paraenses todos os anos se queixam da Feira do Livro, por não terem
espaço nem o reconhecimento de sua produção. Na sua gestão, isso será diferente?
A cultura popular é invariavelmente ignorada pelas gestões, que a esta recorrem,
mais para fortalecer o governo, do que a própria expressão cultural, em si mesma, pelo que
lhe pergunto se a sua gestão tem uma proposta concreta para este setor, que sabemos ser o
mais excluído de todos...?
A senhora fez um diálogo com representantes de setores culturais, logo que
assumiu, e este ato demonstrou uma esperança ao menos em Belém do Pará. O que resultou
desta escuta, concretamente?
A senhora foi candidata pelo PSOL ao senado, o que significa dizer que defendia as
propostas deste partido para a Cultura, mas agora esta no governo do MDB, pelo que se
retirou do PSOL.
Pergunto: quais propostas destes dois partidos a senhora pretende executar na sua
gestão (...se estas propostas são convergentes ou excludentes entre si..) ?
A mensagem do governador Helder à Assembleia Legislativa do Estado foi bastante
econômica com relação ao tema Cultura, numa clara demonstração de que não há tantas
diferenças em relação aos governos anteriores. Isso não lhe preocupa?
A sua trajetória de participação política é recente, mas, pelo seu carisma, conseguiu
traduzir em votos a sua liderança, tanto que alcançou mais de meio milhão de eleitores,
quando candidata do PSOL, no qual ficou cerca de dez menos, tendo antes estado na REDE.
A senhora se considera uma pessoa de esquerda?
Se se considera, a senhora se sente confortável em levar sua “bagagem” política
para um governo, cujo partido é considerado “golpista” pela própria esquerda?
Política é a arte de acordos e especulou-se que um de seus acordos com o MDB era
a sua candidatura à prefeitura. Procede esta especulação? A senhora sairá candidata á
prefeitura? Se sim, por qual partido?
 
Muito obrigado.

Francisco Weyl
Jornalista DRT 2161

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