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#MOSTRA “Negro FICCA marca resistência do cinema étnico e social afro-brasileiro”

A partir do lugar da arte, e para além das geografias e das políticas, os filmes que compõem a Mostra NEGRO FICCA remetem na sua utopia ao sonho de construção de um mundo no qual os africanos e todos os herdeiros de suas tradições sejam reconhecidos pela sua força e inteligência.
Parceria da Escola Superior Artística do Porto – ESAP, com o Cineclube Amazonas Douro, e o IV Festival Internacional de Cinema do Caeté, a Mostra de Cinema Negro FICCA exibe filmes de autores negros e/ou de temáticas a partir da arte e da resistência negra.
São filmes realizados por negros, e/ou de temáticas negras, que venceram e/ou participaram das três edições do FICCA, cuja IV edição este ano de 2018 acontecerá na cidade do Porto, com apoio da ESAP.
CURADORIA
Há mais relações entre Brasil e África do que possa imaginar a nossa vã filosofia.
Nas fronteiras entre estes dois “mundos”, observamos seu complexos fenômenos e diversos processos.
Desde a Irmandade dos homens pretos da Ribeira Grande da Ilha de Santiago (Cabo Verde) até a Irmandade de São Benedito (Bragança do Pará).
Desde os “rabelados” cabo-verdianos aos povos remanescentes de quilombos amazônidas e paraoaras-caeteuaras. 
Desde a ascensão até a queda da política de expansão pombalina em África e Brasil. Desde a fundação da Companhia do Grão Pará e Maranhão (1755) até a “Viradeira” (1778).
De acordo com o poeta Nuno Rebocho, o conhecimento, a cultura, e o emprego da mão-de-obra negra, teve importância para a economia da Região Amazônica.
Apesar da perda de informações do período compreendido entre o século XVIII e princípios do século XIX, sabe-se que os escravos negros foram utilizados em atividades agrícolas e extrativistas, trabalhos domésticos, construções urbanas.
A história da escravidão no Pará, de acordo Vicente Sales (2005), tem a marca da resistência de negros e índios pela liberdade, por meio da fuga, da construção dos quilombos e da participação na Cabanagem.
O Pará tem mais de 250 comunidades tradicionais quilombolas.
Cerca de 70 delas se localizam no vale do rio Tocantins, mas, apenas 11 comunidades estão legalmente tituladas.
Muitos negros subiram os rios e se deslocaram para esta Região, que tem cerca de 60% da população autodeclarada negra.
O fato revela o (auto)reconhecimento da ascendência africana no sangue, na língua, e na cultura da Região Baixo-Tocantins, Nordeste paraense.
A pesca do camarão, a caça de animais, e atividades de agricultura familiar (principalmente a produção da mandioca), constituem a base de sobrevivência nessas
Comunidades.
As identidades étnico-culturais destas comunidades se encontram ameaçadas, sobretudo pela migração de jovens e pelo envelhecimento dos adultos que permanecem nas comunidades.
Há perda gradativa das manifestações culturais, danças e ritmos, mais característicos dessas comunidades, segundo pesquisa do professor Hilton P. Silva, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Pará (UFPa).

© Francisco Weyl, poeta e realizador
Coordenador do IV FICCA





N E G R O - F I C C A
DATA: Dias 19 e 20 de Novembro de 2018
HORÁRIO: A partir das 16H
LOCAL: Auditório da Escola Superior Artística do Porto - ESAP

P R O G R A M A
Segunda-Feira, 19 de Novembro
Equidade Racial
(Danilo Gustavo Asp – PA, 33 Min / Prêmio Júri Popular - FICCA 2016)
Documentário, realizado pela Co.InsPirAcão AmAzônic@ Filmes é o registro fílmico de ações pedagógicas de formação itinerantes desenvolvidas nas comunidade do Cigano, Torres, e Jurussaca - pela Coordenação para Igualdade Racial Quilombola da Secretaria Municipal de Educação de Tracuateua/PA.
feli(Z)cidade (Clementino Júnior, RJ - 12 Min / Melhor Documentário - FICCA 2015)
A felicidade na perspectiva de 9 moradores e trabalhadores no Complexo da Maré durante o processo de Ocupação do Exército e a troca para a polícia.
Conflitos e Abismos (Everlane Morais, SE - 15 Min / Melhor Curta-Metragem - FICCA 2014)
Resgate da trajetória artística de um artista sergipano, a estética de seu trabalho, e a sua concepção de universo artístico. A escolha da obra desse artista da-se exclusivamente por conta do tema ao qual o artista se detém: a expressão da condição do homem e pelo modo como seu trabalho se compõe em termos estéticos.
Gapuiando  (Francisco Weyl, PA, 30 Min, 2016)
Realizado por Francisco Weyl, no âmbito da pesquisa da professora Eliana Campos Pojo (UFPa), que produziu a obra, juntamente com Lina Gláucia Dantas Elias, e Vivian da Silva Lobato, este documentário navega o rio-mar de Abaeté, cidade das mulheres e dos homens fortes, onde a vida atravessa e é atravessada pelas águas. E o rio-signo cultural dissemina e exerce uma prática social no trabalho, no lazer, no movimento das embarcações, e de seus rios, furos e igarapés. Pela sua estética e encantamento, no ir e vir das pessoas, o rio-mar de Abaeté expressa beleza, fronteira, território, e saberes dos povos das águas
Samba de Cacete: Alvorada Quilombola  (André dos Santos e Artur Arias Dutra – PA, 26 Min, 2016)
O Samba de Cacete é uma manifestação cultural ainda preservada em comunidades quilombolas do baixo rio Tocantins, Amazônia paraense, que envolve música, canto e dança com elementos dos batuques afrobrasileiros. O documentário registra essa manifestação cultural quase desconhecida no Brasil, na comunidade quilombola chamada de Igarapé Preto, no município de Oeiras, região nordeste do estado do Pará.

P R O G R A M A
Terça-Feira, 20 de Novembro
Guiné-Bissau, colorido de ritmos e movimentos  (Hilton P. Silva, Belém, Pará -  8 Min)
Primeira colônia portuguesa a se tornar independente, após quatro séculos de colonização, a Guiné Bissau é uma Nação que se utiliza de diversos instrumentos populares para criar musicas com características complexas e alegres que se manifestam em seus coloridos, ritmos e movimentos.
Caboverdeanamente  (João Sodré -  Moçambique / Portugal - 50 Min)
Lundu. Do coração de África para o Mundo, uma forma musical transforma-se no contacto com outras culturas. Da sua miscigenação nascem o Fado e o Samba e a música do planeta começa a tornar-se global. Lundu. Música, dança, semente cultural que brotou das mãos dos escravos oriundos de África, passando por Cabo Verde, e vindo a disseminar no Brasil e Portugal, está é a sua história. Através de um conjunto de relatos de músicos, concertos e viagens até ao berço da humanidade, percorremos a história desta dança que é um estilo de vida, esta melodia que é um ritual, uma cultura.
Guiné-Bissau - A esperança dos foliões  (Júlio Silvão Tavares - Cabo Verde - 20 Min)
O Carnaval é a mais emblemática manifestação étnico-cultural da Guiné-Bissau, símbolo de unidade deste povo martirizado pela instabilidade política, social, paz e desenvolvimento. Os foliões eufóricos e desbundados marcham pela paz e assim animam, contagiam, fascinam e seduzem. É o povo a manifestar o que lhe vem na alma, a sua alegria e tristeza, a mostrar a sua força e apelando ao resgate dos valores sublimes que outrora serviram de protesto contra tanto derrame de sangue e de suor na gesta da luta pela libertação, independência e construção da Pátria amada.
Coeur cosmic comes toutes les femme (Misá, Cabo Verde - 10 Min)
Misá e o projeto do sexto continente se envolveu desde 1996 a realizar duas aldeias criativas com residências artísticas, é uma grande escada evolutiva na sua diversidade de consciência tanto nível Nacional como Internacional,
Semear o mais belo de cada ser humano para uma humanização em harmonia com a paz alegria e Liberdade.
Terra, Terra (Paola Zerman, Cabo Verde - 37 Min)
Documentário musical dirigido por Paola Zerman em colaboração com a diretora, a jornalista Albertina Rodrigues, e a "Casa da Música" Ocean Cafe. Através das vozes de Ulisses, Sílvia Medina, Nazálio Fortes, Ettore Ferro e muitos outros, o filme mostra a cultura e a identidade artística da Ilha do Sal (Cabo Verde).

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