Pular para o conteúdo principal

#CARPINTEIRO "Corpo à deriva, a poesia se desprende da montanha, humanidade, nau ao mar, em tempestades"



Meu pai dizia que o verdadeiro homem é digno, na vida e na morte, entretanto, já não há mais lugar para esta verdade, ao desterro com os sábios.
Como se o tempo nem tivesse passado, sentir, a gente sabe quando, é coisa que nasce de dentro, e nunca morre.
Eu sinto como se fosse hoje, como se hoje nem tivesse existido, eu sinto como se tivesse sentido.
Bebo café, forte, faço comida para as cachorras, cozinho, lavo, escrevo, a vida tem este sortilégio.
O gosto da erva incensa meus pensamentos, não há fronteiras que os detenham.
Estradas eclipsadas, devastadas, terras, guerras, devassas, as massas, disformes, compõem cenários, medonhos.
Corpo à deriva, a poesia se desprende da montanha, humanidade, nau ao mar, em tempestades.
Cavalo alado, meu barco voa por sobre este precipício ao qual se precipitam as pedras.
E muito além destes vales, eu as vejo, uma a uma, lançadas, mas não lhes acompanho a queda.
Seres humanos, para o escuro, até que, súbito, nenhum ruído,  nem grito ou gemido.
Tudo se dissipa, palavras, livres, como as almas, elevadas, as lavas, eriçadas, enrijecidas, larvas.

© Carpinteiro



                                                             Arte © RUDÁ WEYL

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A última postagem da Tribuna do Salgado

Independente, combativa, crítica, sem rabo preso, sem financiamentos de partidos e de grupos políticos e empresariais, TRIBUNA DO SALGADO fez um bom combate, mas já cumpriu o seu papel, razão pela qual informo que este projeto editorial deixará de existir, objetivamente, no dia 31 de Março de 2020. O lançamento oficial da primeira edição (impressa) do Jornal TRIBUNA DO SALGADO aconteceu numa sexta-feira, dia 25 de abril (2014), no espaço Adega do Rei, em Bragança do Pará, tendo o projeto funcionado com reduzida estrutura desde a fundação, com algumas preciosas colaborações,   de abnegados amigos e parceiros. De equipe reduzida, sempre foi um David contra os Golias da opressão. Privilegiamos temas como cultura, cidade e comunidade, sem espaços para textos e imagens apelativas como sexo e violência, que infestam como pragas as consciências humanas. Nosso lema, a liberdade de expressão, o respeito à opinião, e à crítica dos leitores, sem, jamais publicar boatos ou acusaçõ...

#CENTENÁRIO “O resgate da associação cultural e desportiva que afirma a Bragança Negra”

Idealiza-se demasiado uma suposta colonização francesa de Bragança, e do mesmo modo, mitifica-se uma Bragança indígena, mas muito pouco se destaca a presença marcante da negritude em Bragança. E apenas quando há referências à tradição da Marujada é que se enaltece mais as heranças do que a matriz negra de São preto, que era de origem etíope. Benedetto migrou de África para Sicília, Itália, onde primeiro esmolou, e entrou pelas portas do convento, para ajudar na cozinha, tornando-se, com o tempo, um Monge-Cozinheiro. E foi uma associação desportiva-cultural, entretanto, que veio a afirmar a força negra na sociedade bragantina. Fundado em 1917, o TIME NEGRA completa 100 anos, com direito a homenagens aos seus ex dirigentes e associados, e a as pessoas que fizeram tanto o esporte quanto o carnaval da entidade. Em sua época áurea, entre os anos 1948 e 1962, o TIME NEGRA conquistou o título de clube mais querido de Bragança, em pesquisa feita pelo Jornal do Caeté. E para isso teve de ...

#DOCUMENTÁRIO "A poeta do Xingu"

“Filme da Série Vozes do Xingu, realizado no âmbito do projeto “Memórias de trabalho e de vida frente à construção de Belo Monte”, e que, sob a coordenação da professora Elizabete Lemos Vidal, da Universidade Federal do Pará, apresenta depoimentos de moradores da Volta Grande do rio Xingu, atingidos pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.