#CARPINTEIRO "Corpo à deriva, a poesia se desprende da montanha, humanidade, nau ao mar, em tempestades"
Meu
pai dizia que o verdadeiro homem é digno, na vida e na morte, entretanto, já
não há mais lugar para esta verdade, ao desterro com os sábios.
Como
se o tempo nem tivesse passado, sentir, a gente sabe quando, é coisa que nasce
de dentro, e nunca morre.
Eu
sinto como se fosse hoje, como se hoje nem tivesse existido, eu sinto como se
tivesse sentido.
Bebo
café, forte, faço comida para as cachorras, cozinho, lavo, escrevo, a vida tem este
sortilégio.
O
gosto da erva incensa meus pensamentos, não há fronteiras que os detenham.
Estradas
eclipsadas, devastadas, terras, guerras, devassas, as massas, disformes, compõem
cenários, medonhos.
Corpo
à deriva, a poesia se desprende da montanha, humanidade, nau ao mar, em
tempestades.
Cavalo
alado, meu barco voa por sobre este precipício ao qual se precipitam as pedras.
E
muito além destes vales, eu as vejo, uma a uma, lançadas, mas não lhes
acompanho a queda.
Seres
humanos, para o escuro, até que, súbito, nenhum ruído, nem grito ou gemido.
Tudo
se dissipa, palavras, livres, como as almas, elevadas, as lavas, eriçadas, enrijecidas,
larvas.
©
Carpinteiro
Arte © RUDÁ WEYL
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